segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

SAÚDE DA MADEIRA: UM CALHAMBEQUE ENGRIPADO


Depois de uma política do vale tudo na saúde, porque na prática o dinheiro tratava das falhas de gestão e organização; caminha-se para a política do “penso rápido” que ameaça tornar o sistema regional de saúde da Madeira num “calhambeque com motor gripado”!

O sistema regional de saúde está em desestruturação há vários anos. O Governo Regional descorou completamente a necessidade de uma profunda reforma no sistema e permitiu o seu colapso completo, apesar dos alertas que foram sendo efectuados. Não temos um sistema criado em coerência com as necessidades do utente e concretizados a um preço  adequado, mas sim, um monte de serviços desligados uns dos outros cujo custo é insuportável para o universo que serve.
O sistema regional de saúde colapsou financeiramente mas já está desfeito, na sua essência há muito mais tempo. Falhou a estrutura organizacional que tem sido factor de complexos e recorrentes conflitos entre profissionais de saúde; falhou a liderança que é incapaz de promover uma gestão integrada e a favor de todos e não uns contra os outros; falhou a gestão financeira porque não planeou, não orçamentou, não criou uma política de stocks, não auditou, não responsabilizou; falhou o combate ao desperdício mantendo uma leviandade inadmissível nas aquisições; falhou a relação com o sector privado pelas hesitações e políticas contraditórias; falhou a reforma do sistema cuidados continuados de saúde; e, nisto tudo, até falhou a educação básica para a saúde.
Portanto, tudo isto aconteceu porque as prioridade do GR foram invertidas e não correspondem às necessidades da população.  Acresce que os investimentos na saúde correspondem a 3% do investimento total dos últimos 10 anos, contra 42% em infraestruturas....
Por isso é preciso notar que não estamos apenas perante um problema financeiro. Este é apenas o corolário de um desnorte governativo nesta área com ausência de racionalidade estratégica e sentido reformador. A saúde foi sempre encarada de forma leviana e pouco responsável. A incompetência e a leviandade estão na origem do grave problema que vivemos.
Mas convém sublinhar que o PAEF não apresenta qualquer solução reformadora e que permita devolver a esperança aos utentes da Madeira. Os cortes cegos previstos, sem reestruturação estratégica, pode piorar a situação. Depois de uma política do vale tudo na saúde, porque na prática o dinheiro (emprestado normalmente!) tratava das falhas de gestão e organização; caminha-se para a política do “penso rápido” que ameaça tornar o sistema regional de saúde da Madeira num “calhambeque com motor gripado”!

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