quinta-feira, 12 de maio de 2011

A troca com a troika


Quase 40 milhões de euros, retirados dos bolsos dos madeirenses,  em troca de  1/3 da autonomia fiscal e da oferta numa bandeja de duros e insuportáveis sacrifícios do povo da Madeira. Foi este o arranjinho engendrado num Domingo à tarde, por um governo representado por figuras de segundo plano, habituados a trair o seu povo em nome de meia dúzia de interesses ancorados em propostas mais ou menos ofensivas, mas quase sempre lunáticas e na maior parte dos casos para encher os cofres de gente sem escrúpulos.
Esperamos sinceramente que este ganho extraordinário obtido de forma miserável á custa dos madeirenses tenha um destino óbvio: programas de apoio social que permitam a redistribuição de rendimento aos mais necessitados.

Junto com aquele acto ignóbil o Governo Regional do PSD ainda deu uma machada (quase) final na Zona Franca, por causa de patrocinar  um modelo com défice de transparência e com a ousadia de manter durante mais de 14 anos uma estratégia de curto prazo para alimentar “empresas de prateleira”, veículo de benefícios fiscais e até de fraude fiscal.

Mas este facto não é apenas um momento de alta traição, é a continuidade de um rol de traições iniciadas com a perda de 500 Milhões de euros com a União Europeia, mantida com o desnorte das sociedades de desenvolvimento onde restaurantes, marinas, campos de golfe e centros cívicos delapidaram quase 700 Milhões de euros para os madeirenses pagarem (sem comer nem beber) 65 milhões  de euros por ano,  a partir de 2012 e durante 15 anos. Ao mesmo tempo, surgiram as exóticas parcerias pública privadas à moda de Jardim: pede o dinheiro ao consórcio criado com empreiteiros da ASSICOM e paga uma comissão, faz a obra, através do dito consórcio, e paga outra comissão, entrega a manutenção das obras, ao tal consórcio, e volta a pagar outra comissão. Vamos pagar em 30 anos 2 000 milhões de euros para a Via Litoral e a Via Expresso. Dava para construir 4 aeroportos iguais ao que temos em Santa Cruz.  Nos próximos 4 anos qualquer que seja o Governo Regional que sair das eleições de Outubro terá de pagar mais de 450 milhões de euros a estas duas entidades  – dava para 2 hospitais todos bem equipados. Mas as traições continuaram: o Sector Público Empresarial foi a bengala do Governo Regional para manter um modelo puxado pela dívida, por isso hoje o passivo das empresas públicas ultrapassa os 4 000 milhões de euros, sendo que 80% destas estão tecnicamente falidas. Mas como a loucura é quase sempre um estado evolutivo, o Governo do PSD fez o xeque mate à economia regional com o garrote de mais de 1 000 Milhões de euros aos fornecedores da Madeira, aumentando o risco de falência e o desemprego.  

publicado no DN M

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