quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Há coisas assim...


Na sequência das intervenção do Dr. Jardim no encerramento da FIC 2010 (na ASSICOM)importa sublinhar dois aspectos relevantes:

1. Em primeiro lugar o Dr. Jardim considera que é preciso acabar com a burocracia. Dito desta forma, sem conteúdo e sem ideias concretas, estamos todos de acordo. É aliás um dos lugares comuns preferidos do Dr. Jardim. Já em 2005, também num jantar promovido pela ASSICOM, o Presidente do Governo lançou a operação ARRASAR com esse objectivo. Entretanto foi o simplex, com a criação e empresa na hora e simplificação dos actos das empresas, entre outros, as lojas do cidadão e o Centro de Formalidades de Empresas, tudo isto da responsabilidade do governo da república, foram as únicas iniciativas concretas que verdadeiramente contribuíram para facilitar a vida aos cidadãos e às empresas. Quanto à pomposa operação arrasar foi tão consistente e estava baseada em ideias tão firmes que acabou por arrasar o seu actor. Passaram mais de 5 anos e não se conhece uma única iniciativa concreta desta proposta insuflada. E para confirmar isto, é o próprio Dr. Jardim que volta a falar do mesmo demonstrando, ele próprio, que o seu governo não passa de uma fantochada virtual, sem acções consequentes e realistas. A operação arrasar não passou de   um verdadeiro acto de exibicionismo público, bacoco e oco. As declarações sobre esta matéria encaixam-se no mesmo registo!

2. Em segundo lugar, Jardim afirmou que quer pregar um susto aos bancos. Infelizmente, com este comportamento é mais provável que os bancos preguem um susto ao Jardim e nos levem por arrasto. A Madeira está ancorada em milhões e milhões de euros de divida. Os custos deste endividamento é colossal e afecta significativamente a vida de todos os madeirenses. Hoje os défices primários sistemáticos da RAM, que as execuções orçamentais reflectem, são o resultado da Madeira pedir dinheiro emprestado para pagar divida. O Dr. Jardim atirou a Madeira para uma roleta russa deixando-a totalmente dependente da banca. Por isso era desejável mais ponderação nos comentários, mais capacidade negocial e, sobretudo, a redefinição de uma estratégia capaz de garantir que os bancos acreditam no futuro da Madeira e que vêm na sua governação credibilidade suficiente para manterem níveis de financiamento adequados. Ora, o Dr. Jardim, com este tipo de comportamento, contribui precisamente para o contrário: lançar a total falta de confiança e a descredibilização da governação com efeitos no financiamento da RAM. Não se trata um problema sério, complexo e determinante para o futuro da Madeira com populismo desbragado, com uso de ações provocativas e com a disseminação de boatos especulativos e perversos.
Pior é que a situação dos empresários é bastante difícil, e mesmo grave, porque o Governo do  PSD imprime há muitos anos um garrote às PME’s regionais, não pagando a tempo e horas, obrigando-as a se financiar a custos excessivamente elevados e remetendo-as para compromissos leoninos com o sector bancário.  Atente-se aos últimos dados da execução orçamental em que é o próprio Tribunal de Contas a chamar a atenção para o crescimento excessivo da divida administrativa (ou seja a divida a fornecedores). Se tivermos consciência que os 680 milhões de euros em 2009 são hoje mais de 900 ME, percebemos bem o drama porque passam as empresas. Portanto como se entende que um governo responsável tenha dividas às PMe’s locais que ascendem a quase 1000 ME e procure desviar atenções para os outros, neste caso os bancos
Além disso, tem sido este governo liderado pelo Dr. Jardim que tem secado a liquidez na banca regional, concorrendo de forma totalmente injusta com as necessidades de financiamento do sector privado regional. Ou seja, é o próprio governo do PSD que vai à banca retirar (através de garantias do governo regional, portanto mais fortes que qualquer empresário) o pouco dinheiro que existe muitas vezes para estoirar em investimentos que concorrem directamente com os privados ou que não têm efectiva prioridade e que acabam em dinheiro “deitado fora” com custos para as gerações futuras que terão de o pagar, “sem comer nem beber”. Ainda recentemente a banca da RAM cortou o factoring ao Governo Regional porque este usou de forma imponderada, e mesmo desastrada, este instrumento para financiar 300 Milhões de euros de obras da Via Madeira. Com esta atitude, as PME’s que tinham o factoring como alternativa para financiar a sua tesouraria, decorrente dos atrasos de pagamentos do governo regional, perderam mais uma possibilidade ficando em situação ainda mais grave. Portanto, grande parte dos problemas das empresas com a banca tem a sua origem na desfaçatez, incoerência,  irresponsabilidade e incompetência na utilização dos dinheiros públicos por parte do Governo do Dr. Jardim.   

Sem comentários: