sábado, 5 de setembro de 2009

Não consigo, até porque detesto hipocrisia

O Freeport acalenta os desejos daqueles que vêem em Sócrates um mal para o país e querem-no, de qualquer forma, na rua! Seja por motivos efectivos e genuínos, seja por razões partidárias (esses até sabem que, apesar de tudo, Sócrates foi o melhor primeiro ministro de Portugal dos últimos 30 anos). Mas o que eu não consigo verdadeiramente perceber é porque essa mesma blogosfera e até alguma (muita) opinião publicada, perante casos graves de ilegalidades cometidas, por exemplo, pelo presidente da CMF e actual candidato do PSD (e que, contrariamente ao que se tem passado no caso freeport, a comunicação social madeirense ignorou ostensivamente) não reagiram, nem reagem, a favor da ética que tanto proclamam e da defesa da verdade que agora fartam-se de, hipocritamente, ostentar? Surpreende-me que aqui não comecem por se indignar que os processos adormeçam numa qualquer gaveta do ministério público. Que não clamem pelo esclarecimento efectivo e definitivo do denso fumo que paira em torno da governação da autarquia do Funchal (ou será que para estes o tempo cura prevaricações?). Que peçam explicações concretas pelo medo de aprofundar as investigações (PSD reprovou todas as propostas para alargar o período de inspecção). Que lembrem a ausência continuada da inspecção da tutela. Que perante tudo isto, a bem da honestidade intelectual, reconheçam que a fronteira da simples suspeita foi largamente ultrapassada. Infelizmente, esta situação não se esgota em Albuquerque, estende-se por um conjunto largo de figuras do PSD Madeira que transformaram o governo numa holding de interesses obscuros (a quinta do lorde é o mais recente exemplo, mas existem centenas!). Mas, enfim, estamos na Madeira: há uns cavalheiros que gostam de viver numa espécie de esquizofrenia, onde a opinião que têm para o que se passa no continente só serve para lá, mesmo que se trate do mesmo ou mais evidente que o mesmo. Aqui andam cegos, surdos e mudos. Conveniente!

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