terça-feira, 22 de abril de 2008

A obra: O mito do PIB


Recentemente, numa certa reunião de trabalho, num convívio muito participado, mas à porta fechada, sabe-se que o actual Vice Presidente do Governo do PSD, e quem sabe possível Presidente do PSD, disse, para todos ouvirem, que

“…a Madeira está numa situação difícil e que são precisas medidas de governação”.

Ora, esta mea culpa, sincera, merece ser sublinhada:

João Cunha e Silva reconhece a incapacidade do PSD e sua, ao mesmo tempo, para tirar a Madeira de uma crise que tem o carimbo do próprio PSD.

Mas por vergonha ou até estratégia política, João Cunha e Silva não concretizou os termos destes maus resultados da Governação do seu partido.

Por isso, não posso deixar de colaborar nesse desabafo honesto, dando alguns dados ao Senhor Vice-presidente que o ajudem a sustentar, ainda mais, as suas esclarecedoras posições.

Comecemos então pelos, supostos, bons resultados:

a Madeira tem o segundo PIB per capita mais elevado do país.

Este dado de orgulho regional, sabe o Senhor Vice-presidente, vale muito pouco. Apesar de um PIB elevado esta suposta criação de riqueza não tem contribuído para o bem-estar das famílias.

Está então na altura de acabar com este mito e nada melhor do que dar alguns exemplos parecidos com o da Madeira: em que PIB elevado pode não querer dizer bem-estar da população, proporcional a essa criação de riqueza.
Segundo o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, é possível verificar que:
Luxemburgo tem PIB mais elevado do mundo e está classificado em 18º lugar no índice de desenvolvimento humano (IDH)

Estados Unidos tem o 2º PIB per capita do mundo e está classificado em 12º lugar no IDH

Hong Kong tem o 7º maior PIB per capita do mundo e está classificado em 21º lugar no IDH


Mas também se verifica ao contrário:

Austrália tem apenas o 16º mais elevado PIB per capita e está classificada em 3º lugar no IDH.

(IDH = criação de riqueza traduzida em bem estar - medido pela educação, distribuição de riqueza, esperança de vida, entre outros)

Portanto, que fique claro, a relação PIB / bem-estar da população não se confirma pela análise dos números e de casos de situações idênticas à da Madeira, de acordo com a insuspeita Nações Unidas.

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